domingo, 6 de março de 2022

Romance da Raposa (2.a parte, II)

 Romance da Raposa (Segunda Parte) – Resumo do capítulo II

O Capítulo II, Segunda Parte do Romance da Raposa, mostra-nos a Salta Pocinhas prosseguindo o seu caminho e lutando com todas as forças pela sobrevivência dela e dos filhos. Irá recorrer, mais uma vez, à matreirice, à astúcia e à criatividade para atingir os seus objetivos. Prisioneira no seu próprio reduto, haveria que engendrar um estratagema capaz de fazer acionar e neutralizar a armadilha que fora colocada à entrada do seu covil. Para conseguir esse desiderato, a raposa voltaria a recorrer à mentira, prometendo o que sabia não poder vir a cumprir. Desta vez calhara ao bufo ser levado ao engano e ao gato bravo pagar com a vida a sua interesseira disponibilidade. Ambos caíram no engodo lançado pela raposa. Esta, mais uma vez, sairia ilesa graças à sua frieza e à sua matreirice.

Conquistada a liberdade, era urgente aconchegar os estômagos há muito vazios. A energia estava nos mínimos, a situação ia-se deteriorando à medida que os dias passavam, as forças davam sinais de colapso. Alguns abelhões, este ou aquele lagarto, tudo caça de pequeno porte era o que ia encontrando e o que ia evitando o pior.  

A certa altura, a raposa avistou uma lebre numa moita próxima. Ciente das suas

debilidades, optou por desistir do confronto direto e decidiu pela “conversa fiada”. Se o sucesso tivesse acontecido, teria sido uma solução bem interessante. Porém a lebre, que já conhecia as manhas da raposa, não caiu nas suas cantilenas e acabou por se afastar.

Continuou caminhando, cada vez mais desanimada, na procura de alimento. De repente, pareceu-lhe ouvir vozes humanas e trotear de animal. Parou, apurou os sentidos, e constatou que as vozes vinham de local não muito distante. Posicionou-se de tocaia, bem atenta e em segurança. Eram dois homens que conduziam um asno que carregava, em ambos os alforges, vários cabritos e borregos dependurados e já sem vida.

Correu e de um salto alcançou uma posição bem à frente dos caminhantes. Prostrou-se no chão, fez-se de morta e aguardou.

Passado algum tempo, os dois homens chegaram ao local onde a raposa, imobilizada, ia soltando o seu cheiro pestilento. Estava morta e bem morta, admitiram os dois homens. Ainda assim, um deles, sabedor do valor que a pele lhes poderia render, jogou o suposto cadáver para um dos alforges, que pendiam do dorso da azémola.

Rapidamente a raposa recuperou do embate e, orientando-se no interior do alforge, depressa deu conta de um dos borregos. Em seguida, de estômago já bem aconchegado, saltou para a estrada segurando na boca um cabrito bem preso. Finalmente, correu para o mato na direção do local onde os filhos ansiosos a esperavam.

Fernando Amaral

Março de 2022 

RESUMO DO 2º. CAPÍTULO – 2ª. PARTE

ROMANCE DA RAPOSA

A Raposa Salta-Pocinhas e seus filhos ficaram emparedados na sua própria casa, pelas mãos do Bicho-Homem, com excepção da porta da entrada onde este colocara uma armadilha, na esperança de que a Raposa fosse apanhada e morresse.

Salta-Pocinhas sentia-se presa, perdera a liberdade.

Aproveitou e começou a pensar num estratagema que a pudesse salvar a ela e aos filhos. Sentia-se cansada. Durante 6 dias e 6 noites, andou a ver as portas da casa, à procura de uma por onde pudessem sair sem serem vistos, até que acaba por vir o Bufo para junto da sua porta e, com voz de quem está a morrer, pediu-lhe que fosse rapidamente chamar o Escrivão, pois queria fazer uma escritura e que ele não iria ficar sem prémio por lhe fazer este favor. O bufo partiu.

De regresso com o dito Escrivão, o Gato montês, calabrês, miador e larápio, este foi de imediato direito à porta, onde foi apanhado pela armadilha e ali morreu. O bufo fugiu e Salta-Pocinhas foi a correr buscar os filhos e desapareceram para não mais voltar.

Correram bosques, iam comendo o que aparecia. Deixando os filhos bem protegidos partiu, ouviu vozes e escondeu-se. Eram dois pastores que estavam meio bêbados e traziam consigo um burro com os alforges cheios de caça. Olharam e viram um vulto esticado no chão.

Os pastores pensaram ser um cão: afinal era uma raposa a cheirar mal, mas a pele devia render bom dinheiro. Foi posta no dorso do burro.

Ela começou a farejar, até que conseguiu abrir o alforge: comeu os fígados dos cordeiros, abriu o outro e abocanhou um belo borrego, saltou para o chão e desatou a correr para junto dos filhos.

Nessa noite, o luar iluminou o banquete. Todos dormiram um sono regalado e de barriga cheia, que a mãe lhes proporcionou com toda a sua Sabedoria, Astúcia e Manha.

Carmo Bairrada

Azeitão, 01-03-2022

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