quinta-feira, 17 de março de 2022

Poemas inéditos, por Elita Guerreiro

A LENDÁRIA  MOURARIA


Chega a noite à Mouraria,

Onde o som das guitarras

Lembra pela sua magia

Navios cortando amarras!

 

Anda a sombra da Severa

Com perfume a sardinheiras

Pela velha rua da Hera,

A dela e outras cantadeiras!

 

Tem o antigo Capelão

Uma nova atitude,

Mas ainda reza com devoção

À Senhora da Saúde!

 

A velha memória dum Conde,

Que ali ia, curioso…

Dizem que por lá se esconde,

Que é o Conde de Vimioso!

 

Conta-se como verdade

Que uma bela Judia

Vem à rua da Saudade

Assombrar a Mouraria!

 

Escadinhas da Mouraria

Guardam a sombra dum fado,

Que as percorre noite e dia

Mas ainda não foi cantado!

 

Elita Guerreiro  Janeiro 2022

A ÁGUIA

Inventa os movimentos

Sobre o azul do céu,

Ajudada pelos ventos

Num ambiente só seu!

É a liberdade pura

Nas suas asas sem fim,

Voa, serena segura…

Quem me dera ser assim!

Trazer comigo esta paz

Com a qual a águia voa,

Mas sei que não sou capaz

Por muito que isso me doa!

Voa o meu pensamento,

Mas nunca saí do lugar,

Uma rajada de vento

Basta para o movimentar!

A águia que me inspira

É mais serena que eu,

O ar que ela respira

Tal como o meu vem do céu!

 

 Elita Guerreiro /16/3/2022

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