terça-feira, 18 de janeiro de 2022

O Romance da Raposa (2.a parte: I)

RESUMO DO 1º CAPÍTULO – 2ª. PARTE –

“O ROMANCE DA RAPOSA”

A Raposa Salta-Pocinhas casou e teve 3 filhos.

Na altura morava na antiga Toca do Texugo, que era pequena, mas para ela servia. Agora, que a família aumentara, mudara-se para uma Toca grande, que mais parecia o labirinto de um castelo. O marido adaptara a nova casa em termos de segurança e habitabilidade.

Na casa de Salta-Pocinhas, a despensa estava agora sempre cheia, pois havia sempre um poleiro a saque e os filhos cresciam gorduchos e bem alimentados. Num dia de caça, o Pai Raposo foi apanhado por uma armadilha, ficou rodeado de cães e acabou por morrer. Salta-Pocinhas conseguiu fugir e isolou-se em casa com os filhos.

A partir dessa altura, ficou transtornada: não saía de casa em busca de alimento, os pequenotes choravam com fome, andando à volta dela de manhã à noite. O medo tinha-se instalado na Mãe Raposa, desculpando-se com o mau tempo, até que uma manhã se encheu de coragem e acabou por sair de casa para procurar alimento.

Correu tudo e acabou por caçar e comer um insecto e um coelho, a quem enganou com a sua astúcia e lábia, lamentando-se depois de ser uma “mãe desnaturada”, pois saciara a fome e não deixara nada para os filhos. Continuou em vão a sua procura, até que, já o sol se tinha posto, decide temerariamente correr para o pátio rico onde o marido perdera a vida e, em frente de um galinheiro bem recheado, fez um assalto repentino e conseguiu sair com caça grossa para levar para casa, apesar da perseguição dos humanos e do cão.

A batalha estava ganha: os seus filhos teriam alimento.

REFLECTINDO:

Salta-Pocinhas foi Mentirosa, Egoísta, Insensata e Lambisqueira, uma Mãe irresponsável, que só pensou nela.

A Consciência salvou-a!

Carmo Bairrada

Azeitão, 10-02-2022 

Resumo

– Segunda Parte :  capítulo I

Entretanto, a vida de Salta Pocinhas evoluíra: passou a ter o título de comadre, tinha 3 filhos e mudara com a família para uma casa melhor, da qual se tinham apoderado – ela e o companheiro -, ao comerem os coelhos, seus senhorios.

Tinha a ajuda do  pai dos seus filhotes, sempre roubando, sempre com artimanhas, até que numa das tentavivas de furto a um rico pátio de criação, ele foi apanhado numa ratoeira e ela ficou viúva.  A perda deixou-a altamente traumatizada, não se atrevendo a saír da toca para ir caçar e alimentar os seus raposinhos.

Estes, esfomeados, reclamavam comida, chorando, regougando, berrando, até que finalmente e a muito custo, ela se atreveu a saír e a procurar alimento nos montes visitados pelo vento e sol de Maio.

Com a astúcia do costume, conseguiu apanhar um grilo, depois um coelho – este, após diálogo insinuante e cheio de perfídia -, mas comeu-os num ápice, mal os apanhou.

Recriminou-se de cada vez que o fez, sentindo-se uma mãe desnaturada.

Contudo, era imperioso levar comida aos filhos.

Voltou aos montes e descobriu um rebanho com os seus cordeiros, o que a entusiasmou. Receava, porém, o temível cão ‘Mondego’:

À sucapa, foi seguindo o rebanho até que uma ovelha a viu e deu o alarme. Perseguida pelo cão teve que fugir .

Longe e em segurança, fez uma pausa para descansar num outeirinho e deitar contas à vida. Observou a paisagem à volta e lá em baixo, onde via o fumo das cozinhas, parando-se-lhe o olhar no pátio rico onde o companheiro se finara, o que despertou os seus instintos ferozes e plano arguto.

Largou a correr, ligeira, afoita, passando por carros de bois, lavradores, mondadeiras, jornaleiros, caminhantes, o padre-cura, o sapateiro e sempre veloz, rumo ao tal pátio.

Ninguém deu por ela e aí chegada esgueirou-se num relâmpago e apanhou uma fraca pelo pescoço e correu. O cão ‘Minhoto’ saltou e ladrou, o que provocou grande alarido entre aquelas gentes que a amaldiçoaram.

Cheia de bravura, a comadre raposa Salta - Pocinhas corria sem largar a presa.

 Conceição m.

A SALTA POCINHAS

Olá! Sou a Salta Pocinhas

E manhas iguais às minhas

Não sei se vão encontrar!

Mestra em trapacear

Sou disfarçada, matreira,

Preguiçosa e lambisqueira!

Nunca me sinto perdida,

Sou rápida e atrevida,

Pequena, mas muito forte!

Nem a sentença de morte

Quebrou a minha vontade

Ou me tirou a liberdade!...

E de poleiro em poleiro

Perdi o meu companheiro!

Com três filhos para criar,

O remédio é trabalhar.

Corro  pelos campos fora

E até à última hora,

Serei raposa matreira,

Sem vergonha e trapaceira!

 

Elita Guerreiro 18/1/2022

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