“A MODA DA LUISINHA”
do CANCIONEIRO ALENTEJANO
Passou, passou, passou
Luisinha agora agora,
Ainda não era meio-dia
Nem tinha dado uma hora!
Nem tinha dado uma hora
Ainda não era meio-dia,
Passou, passou, passou
Já passou quem você queria
É mentira!...
Se passasse quem eu quisesse
Tinha passado o meu bem,
Passou, passou, passou
E eu não vi passar ninguém!
Não viu passar ninguém
Deixou-a aqui sozinha,
Se é mentira, passe bem
Meia volta, Luisinha!
À CONVERSA COM UMA ROSA
Ora D. Rosa Chá!
Não esperava isso de si,
Não a sabia tão má
Nem tão arrogante assim!
Que é linda, é uma verdade
Mas ser desdenhosa assim,
Não lhe traz felicidade
E tira brilho ao jardim!
Que culpa terá o Jarro
De nascer no seu canteiro?
É dum branco tão puro e raro
Humilde e tão verdadeiro!
Incomoda-a a beleza
De brancura imaculada?
Perca esse ar de realeza
De cabeça coroada!
Ora D. Rosa Chá
Não se sinta preterida!
Seja bondosa, vá lá
Tudo tem lugar na vida!
Elita Guerreiro 15/3/2020
AO SABOR DAS MARÉS
Eram castelos de areia
Que as ondas destruíam,
Ao chegar a maré cheia
Em seu lugar, a espuma
Como pedaços de rendas,
Espreguiçando-se uma a uma
Deixavam na areia oferendas!
Eram ouriços-do-mar,
Pedaços de conchas e estrelas,
Como querendo mostrar
Do mar as coisas mais belas!
Quase me tocou a mão
Aquele búzio perdido,
Era a voz da solidão
Que escutei no meu ouvido!
Cheguei na maré cheia,
Fiquei sonhando na areia!
Encontrou-me ali o dia,
Já era maré vazia!
Elita Guerreiro 1/9 /2019
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