quarta-feira, 4 de novembro de 2020

Em tempo de Pandemia, por Elita Guerreiro

 

“A MODA DA LUISINHA”

do CANCIONEIRO ALENTEJANO


Passou, passou, passou

Luisinha agora agora,

Ainda não era meio-dia

Nem tinha dado uma hora!

Nem tinha dado uma hora

Ainda não era meio-dia,

Passou, passou, passou

Já passou quem você queria

É mentira!...

Se passasse quem eu quisesse

Tinha passado o meu bem,

Passou, passou, passou

E eu não vi passar ninguém!

Não viu passar ninguém

Deixou-a aqui sozinha,

Se é mentira, passe bem

Meia volta, Luisinha!

 Elita Guerreiro 7/8/2020


À CONVERSA COM UMA ROSA

Ora D. Rosa Chá!

Não esperava isso de si,

Não a sabia tão má

Nem tão arrogante assim!

 

Que é linda, é uma verdade

Mas ser desdenhosa assim,

Não lhe traz felicidade

E tira brilho ao jardim!

 

Que culpa terá o Jarro

De nascer no seu canteiro?

É dum branco tão puro e raro

Humilde e tão verdadeiro!

 

Incomoda-a a beleza

De brancura imaculada?

Perca esse ar de realeza

De cabeça coroada!

 

Ora D. Rosa Chá

Não se sinta preterida!

Seja bondosa, vá lá

Tudo tem lugar na vida!

 Elita Guerreiro 15/3/2020


AO SABOR DAS MARÉS

 Eram castelos de areia

Que as ondas destruíam,

Ao chegar a maré cheia

Eram frágeis e ruíram!

Em seu lugar, a espuma

Como pedaços de rendas,

Espreguiçando-se uma a uma

Deixavam na areia oferendas!

 

Eram ouriços-do-mar,

Pedaços de conchas e estrelas,

Como querendo mostrar

Do mar as coisas mais belas!

Quase me tocou a mão

Aquele búzio perdido,

Era a voz da solidão

Que escutei no meu ouvido!

 

Cheguei na maré cheia,

Fiquei sonhando na areia!

 

Encontrou-me ali o dia,

Já era maré vazia!

 Elita Guerreiro 1/9 /2019


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