Sedia-m'eu na ermida de San Simion,
e cercaron-mi as ondas, que grandes son. ...Eu atendend'o meu amigo! ...Eu atendend'o meu amigo! Estando na ermida ant'o altar, cercaron-mi as ondas grandes do mar. ...Eu atendend'o meu amigo! ...Eu atendend'o meu amigo! E cercaron-mi as ondas, que grandes son; non ei i barqueiro nen remador. ...Eu atendend'o meu amigo! ...Eu atendend'o meu amigo! E cercaron-mi as ondas do alto mar; non ei i barqueiro, nen sei remar. ...Eu atendend'o meu amigo! ...Eu atendend'o meu amigo! Non ei i barqueiro nen remador: morrerei, fremosa, no mar maior. ...Eu atendend'o meu amigo! ...Eu atendend'o meu amigo! Non ei i barqueiro, nen sei remar: morrerei, fremosa, no alto mar. ...Eu atendend'o meu amigo! ...Eu atendend'o meu amigo!
Meendinho (S. XIII)
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“Ermida de São Simeão”
Estava eu na ermida de São Simeão,
cercaram-me as ondas que tão altas são!
eu esperando o meu amigo!
eu esperando o meu amigo!
Estava eu na ermida diante do altar,
cercaram-me as ondas grandes do mar:
eu esperando o meu amigo!
eu esperando o meu amigo!
Cercaram-me as ondas que tão altas são!
remador não tenho nem embarcação:
eu esperando o meu amigo!
eu esperando o meu amigo!
Cercaram-me as ondas do alto mar;
não tenho barqueiro e não sei remar:
eu esperando o meu amigo!
eu esperando o meu amigo!
Remador não tenho nem embarcação;
morrerei formosa na imensidão:
eu esperando o meu amigo!
eu esperando o meu amigo!
Não tenho barqueiro e não sei remar
morrerei formosa no alto mar:
eu esperando o meu amigo!
eu esperando o meu amigo!
Natália Correia, Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses
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“DESESPERO E ESPERANÇA”
“A partir da Cantiga de Meendinho”
Com
cenário campestre
Tardava o amigo que para longe fora…E
no meu coração apertava a saudade! Resolvi subir o monte e no silêncio da
pequena e branca capelinha, rodeada de pinheiros, que como sentinelas a
guardavam,
devotamente junto ao altar desabafei a
minha dor pela grande demora
do meu tão esperado amigo.
“Eu esperando o meu amigo!”
Eu esperando o meu amigo!”
De repente uma enorme tempestade
assolou o alto do monte! O vento
forte escancarou a frágil porta da
pequena capela e como um mar
encapelado de ondas alterosas, a água
tudo inundou chegando junto ao altar onde, em desespero, lamentava a minha dor!
Porque tardas amigo?
Quem poderá salvar-me? Fala tão alto o
vento, que ninguém me pode escutar! Cerca-me a água como um mar!
Eu esperando o meu amigo!”
Não há ninguém em redor, nem um pastor
que me possa ajudar, porque
a tempestade os fez abrigar! No monte
deserto, só a chuva intensa e
o uivo do vento!
“Eu esperando o meu amigo!”
Eu esperando o meu amigo!”
Morrerei talvez nesta solidão! Mas o
meu coração, enquanto vivo, não perde a esperança de te ver, meu distante
amigo!
“Eu esperando o meu amigo
Eu esperando o meu amigo!”
Elita Guerreiro *22/12/2015
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