sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

"O anel do meu amigo" / "Tinha um cravo no meu Balcão"



O anel do meu amigo
perdí-o so-lo verde pinho,
     e chor'eu, bela!

O anel do meu amado
perdí-o sso-lo verde ramo,
     e chor'eu, bela!

Perdí-o sso-lo verde pinho;
por en chor'eu, dona virgo,
     e chor'eu, bela!

Perdí-o sso-lo verde ramo,
por en chor'eu, dona d'algo,
     e chor'eu, bela!

 Pero Gonçalves de Portocarreiro

Tinha um cravo no meu balcão;
Veio um rapaz e pediu-mo
- mãe, dou-lho ou não?

Sentada, bordava um lenço de mão;
Veio um rapaz e pediu-mo
- mãe, dou-lho ou não?

Dei um cravo e dei um lenço,
Só não dei o coração;
Mas se o rapaz mo pedir
- mãe, dou-lho ou não?

Canção, Eugénio de Andrade

O primeiro dia

pinheiro estava em flor
Quando me deitei no musgo
Ficou meu corpo delgado
Coberto de pó doirado
Como túnica de amor


Passou tempo, foste embora
O pinheiro inda lá está
o penedo sentinela
Naquela Sintra tão bela
Lembra coisas do passado
Que não existem agora

Mas a memória não passa
E o pó de oiro em cada ano
Traz-me imagens esbatidas
De corpos entorpecidos
E não deixo de achar graça !

Mercedes Ferrari

“AMOR SOB O VERDE PINHO”

Deste-me um anel
Perdi-o,
Fiquei por ele a
Chorar!
Caiu no solo de
Pinho,
Não o voltei a
Encontrar!
“ E chor`eu bela”

Era o símbolo
O anel,
Do nosso amor e

Carinho,
E dos teus lábios de
Mel
Com aroma a
Verde pinho!
“ E chor`eu bela!

Era eu virgem de
Esperanças,
E o teu anel me
Prendeu!
Ficam no pinho as
Lembranças,
Do anel que se
Perdeu!
“E chor`eu bela”


Elita Guerreiro*22/1/2016


O inacabado lenço

Quando os rapazes pediam
Os cravos do meu balcão
Olhavam para mim sorriam
Dava-lhes meu coração

Enquanto um lenço bordava
Sentada no meu balcão
À minha mãe perguntava
Mãe dou-lhes o lenço ou não?

E minha mãe a sorrir
Não dizia sim nem não
E eu tinha que decidir
Se dava o lencinho ou não!

Ainda nem terminei
O lenço de encantamento
O moço a quem o não dei
Ficou perdido no tempo

Adalberta Marques


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