__ Ai flores, ai flores do
verde pino,
se sabedes novas do meu
amigo!
Ai Deus, e u é?
__ Ai flores, ai flores do
verde ramo,
se sabedes novas do meu
amado!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu
amigo,
aquel que mentiu do que
pôs comigo!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu
amado,
aquel que mentiu do qui mi
á jurado!
Ai
Deus, e u é?
__ Vós me perguntardes
polo voss'amigo,
e eu bem vos digo que é
san'vivo.
Ai Deus, e u é?
Vós me perguntardes polo
voss'amado,
e eu bem vos digo que é
viv'e sano.
Ai Deus, e u é?
E eu bem vos digo que é
san'vivo
e seera vosc'ant'o prazo
saído.
Ai Deus, e u é?
E eu bem vos digo que é
viv' e sano
e seera vosc'ant'o prazo
passado
Ai Deus, e u é?
D. Dinis
(Mulher/Natureza:
cf. Camões: Leonor [Rodrigues Lobo e Gedeão tb.] e Helena, vilancetes;
“ondados fios de ouro reluzente, soneto)
|
Como ouvi Linda cantar por seu
amigo José
Se sabeis novas do meu amigo
novas dizei-me que vou morrendo
por meu amigo que me levaram
num carro negro de madrugada.
Dizei-me novas do meu amigo
em sua torre tecendo os dias
dai-me palavras pra lhe mandar
com ruas brisas domingo sol.
Se sabeis novas de meu amigo
novas dizei-me que desespero
por meu amigo que longe espera
tecendo os dias tecendo a esperança.
Mando recados não sei se chegam
leva-me ó vento da noite triste
ou diz-me novas de meu amigo
que tece o tempo na torre negra.
Que tece o tempo que tece a esperança.
Já da ternura fiz uma corda
ó vento prende-a na torre negra
que o meu amigo por ela desça.
Por essa corda feita de lágrimas
que o meu amigo por ela desça
ou mande a esperança que vai tecendo
que eu desespero sem meu amigo.
Manuel Alegre, Praça da C anção
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“FLORES DE VERDE PINHO”
“REFLEXÃO”
É uma suave balada, um cantar de amigo que o vento, qual trovador,
canta na ramaria dos altos pinheiros!
Quantas vezes já me perguntei
que dirá?Que terna melodia é aquela que
nem incomoda o passaredo
que ali se abriga? Só a Mãe Natureza
pode responder! Mas a verdade,
é que nem todos nós sabemos interpretar
o que ela nos diz! Eis a
história de alguém que, desabafando com
a Natureza, obteve alívio
para as suas mágoas e respostas para as
suas dúvidas…
Passeava a donzela
Naquela matinha,
Mas sabia a bela
Não estar sozinha!
Dirigindo-se aos altos pinheiros sempre
verdes, mas cuja flor dourada já desabrochara, perguntou:
- “ Ai flores, ai flores de verde pinho,
Se saberdes novas do meu amigo!
Ai Deus e u é?”
Lamentava a donzela não só a ausência
do amigo, mas punha em causa as juras que ele lhe
fizera! Perante
aquele desespero, a Natureza como Mãe carinhosa e terna tranquilizou-a!
- Vós perguntades polo vosso amigo,
E eu bem vos digo que é san`vivo
Ai Deus e u é?
E, mansamente, foi acalmando aquele
coração dizendo-lhe que para além do seu amado estar vivo e de boa
saúde, ainda a iria surpreender, chegando antes do que ela esperava!
- E eu bem vos digo que é viv`e sano
E seera vosc`ant`o prazo passado
Ai Deus, e u é?
Não fala a Natureza a língua humana, mas
temos nós o dever de saber interpretar as muitas vozes com as
quais nos sussurra apontando caminhos que, uma vez trilhados com
sensatez, nos ajudarão a ultrapassar muitos dos obstáculos das
nossas vidas!
Elita Guerreiro/20/1/2016
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