CHEGA FELIZ E FAZ FELIZ O MUNDO
A
madrugada já ia avançada, quando o sol apareceu. Bocejou, espreguiçou-se e para
despertar mais depressa, lavou os olhos nas águas do mar imenso. Sobre ele
caminhou, então abrindo uma estrada de poeira dourada, ao arrastar o seu manto
de Rei soberano! “Volto amanhã”, disse, despedindo-se daquele movimentado véu
de rendas brancas, que deixavam no ar salpicos de transparentes diamantes. E
num breve aceno partiu. Exímio caminheiro, entrou pelo bosque denso e
verdejante, onde o Pastor vigiava o rebanho junto ao pequeno riacho.
Envaidecido, perfumou-se com o aroma das violetas e poejos, que cresciam junto
à fonte e foi cumprimentar, com um abraço forte, a giesta e o rosmaninho no
cume do monte. ”Bom dia, bom dia!”, cantou alegre a cotovia… Do alto dum
penhasco, uma águia levantou voo, asas abertas à liberdade daquele céu azul sem
par! Instalado no seu trono de azul e ouro, foi saudado pela bela orquestra da
Natureza: cigarras, grilos e todas as aves do bosque se fizeram ouvir num
cântico feliz de boas vindas. Por entre a densa folhagem do arvoredo, o sol
peneirava os seus raios de mansinho, para que os filhotes das aves nos seus
ninhos, pudessem abrir os olhitos, sem que o calor os ferisse. Maravilhado, o
sol subiu um pouco mais no infinito do céu. Era o meio do dia! O rebanho
dormitava, no fundo verde-esmeralda do vale. O Pastor vigiava encostado ao
cajado. O som dos chocalhos, o balido dos pequenos borregos, juntavam-se á
grande orquestra que em tom festivo animava o verdejante bosque! Feliz, o sol
via nascer novas flores, assistia às correrias dos pequenos animais e ao ensaio
das jovens aves, nos seus primeiros voos. Horas felizes passam depressa, em
qualquer parte do mundo! Lentamente, o dia ia chegando ao fim. Cansado de
tantas emoções, o sol começava a perder a força. Mas se a sua chegada foi uma
festa, a sua partida foi o mais belo dos espectáculos! Pequenas nuvens
reflectiam as cores maravilhosas do entardecer: lilás, rosa, azul e ouro, envolviam
a grande bola de fogo que, aos poucos, como se sentisse pena de partir, ia
desaparecendo lentamente no horizonte. Era a despedida! Pela última vez,
envolveu a terra num abraço de luz e partiu… As aves chilreavam no arvoredo,
aconchegando - se para dormir. Cessaram os trinados das cigarras e a noite
estendeu o seu manto de veludo negro sobre a terra. Então ergue-se a voz dum
pequeno trovador saudando a noite recém - chegada:
Canta
à noite o rouxinol/ À luz da lua de prata/Ergue a voz o Trovador/ Bela, a sua
serenata/
Elita Guerreiro
23/5/2022
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