quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

O Romance da Raposa (2.a parte, VI)

 RESUMO DO 6º. CAPÍTULO – 2ª. PARTE

ROMANCE DA RAPOSA

Mal sabia Salta-Pocinhas que os trapos que roubara viessem a ser o disfarce perfeito, que lhe abriria novos caminhos para as suas velhacarias. Vestia o disfarce: todas as noites sobre os bosques pairava o terror, desde que aparecera esse Monstro vestido à maneira das velhas da aldeia.

O ardil tinha um fim: ficar com a caça fresca que os ratoneiros apanhavam para seu sustento. Eles fugiam, a caça ficava para trás. O Monstro enchia a barriga com enorme prazer e satisfação.

Os bichos, fracos e com fome, reuniram-se pedindo ajuda, para que desaparecesse o dito Monstro. Na assembleia, o Lobo Brutamontes, pediu silêncio, para dar a palavra à Comadre Salta-Pocinhas.  

No seu discurso, disse que iria tentar que o flagelo acabasse, desde que os bichos assinassem um pacto para ela ter direito ao sustento e sobrevivência, pois já era velha e doente: da caça que pilhassem, dar-lhe-iam metade e quem não caçasse, era multado.  

A discussão foi longa e agitada mas, finalmente, aceitaram o pacto.

A Comadre Salta-Pocinhas pediu para estarem atentos a um regougar que faria, caso fosse bem sucedida, e nessa altura poderiam ir ter com ela, junto à ribeira.     

Chegou a casa, pegou num saco onde tinha o que era preciso e correu até ao primeiro palheiro: fez um grande boneco de palha, vestindo-lhe as roupas velhas do seu disfarce.

Quando regougou, apareceram todos e viram um corpo de costas viradas para cima ser arrastado pela água da ribeira. O Monstro desaparecia para sempre. Felizes e contentes, levaram em ombros a Comadre Raposa.

De novo abriu a escola para dar lições aos raposinhos: contava-lhes as suas próprias histórias de vida que eles adoravam ouvir. Foi dessa forma que Salta-Pocinhas lhes ensinou como deviam viver, a partir da altura em que saíssem de casa dos pais, para se fazerem à vida. A Comadre ainda viveu uns bons anos, sentindo-se amada, respeitada e feliz.

Azeitão, 21-05-2022

Carmo Bairrada

 

Resumo do capítulo VI, 2.a parte

O FIM DO MOSTRENGO, O PRINCÍPIO DA REFORMA

Naquele dia, reuniu-se a assembleia, onde iria ser discutido o fenómeno daquele ser estranho que assolava os bosques, roubando aos animais o que caçavam. Grassava a fome por aquelas bandas. Presidia à assembleia o lobo Brutamontes. Presente a Salta-Pocinhas, oradora brilhante, escutada com muita atenção, por todos os animais. Por a terem desprezado, estavam a ser castigados. O mostrengo seria a expiação dos pecados de todos, por deixarem morrer à fome uma velhota como ela. Estava em causa a reforma, o sossego, para o resto dos seus dias, descanso e fartura de comer sem preocupações. Estava bem nutrida, porque ao abrigo do disfarce que arranjou, não deixou de roubar o que os outros caçavam. Mas a velhice começava a dar sinal e não queria morrer de fome. Destinou então a Salta-Pocinhas, como seria no futuro. Qual a tença que cada um pagaria, se ela fizesse desaparecer a aberração para sempre. Ficou acordado que a sustentariam, até ao final dos seus dias. Era noite. Já todos os animais se haviam recolhido. A raposa fez um boneco de palha, vestiu-lhe os farrapos que usara para aterrorizar os outros animais e atirou-o ao rio. Gritou a raposa para que acordassem. Reunidos, viram desaparecer o mostrengo que tanto os aterrorizara. Reformada, bem alimentada, viveu a Salta-Pocinhas mais alguns confortáveis anos.

Elita Guerreiro

 SALTA POCINHAS: A REFORMA

 A desonesta bandoleira deitava mão a todos os artifícios e disfarces, para continuar a enganar todos os outros animais. Os “espertalhões” não atinavam com a maneira de acabar com a manhosa raposa. Envelhecia, mas os anos e os achaques não a impediam de trapacear os animais, seus semelhantes! Cabeça suja, a daquela matreirona! Porém, não era desprovida de inteligência!... Ora aí está ela, pronta a assegurar a sua tranquila reforma. Como boa atriz que era, encena mais uma das suas representações: rouba de um qualquer estendal algumas peças de roupa feminina e aí está um disfarce à altura da sua fértil imaginação! Cria aquele que talvez venha a ser o seu último disfarce!... Pronta a entrar em cena, a farsante rejubila! Que personagem horrivelmente estranho aquele! Um mostrengo aterrador! Nem gente, nem bicho! Com as suas aparições, aterrorizava os animais da floresta, que largavam as presas, que tanto lhes custava a caçar. Espalhou-se o caos entre a bicharada! Esfomeados, amedrontados, convocaram uma reunião. Na Presidência, estava o lobo Brutamontes e compareceram todos os animais. Convidada de honra, em lugar de relevo, lá estava a velha raposa! Como pode o lobo voltar a confiar naquela peste? Já, anteriormente, noutra reunião, a havia condenado à morte. Dava-lhe agora a palavra, confiando na sua experiência! No uso da palavra, dizia a raposa:

- Comprometo-me a acabar com o mostrengo, para sempre, se me prometerem assegurar os meus últimos dias, que de certo não serão muitos, mas preciso duma garantia! É assim: cada um de vós divide comigo as suas caçadas; de contrário, o bicho papão vai continuar a assombrar-vos para castigo dos vossos pecados! Ficou assente que assim se faria. Pondo à prova a esperteza e a imaginação, pôs em prática o plano de destruição do engenhoso disfarce. Afogaria  no ribeiro aquela trouxa de trapos, dos quais fez um boneco , parecido com o mostrengo. Então, de barriga cheia e vida regalada, a preguiçosa podia esperar o fim dos seus dias, que desejava longos e felizes. Os animais começaram a achar que ela, matreirona, estava por demais acomodada à nova situação. Preguiça demais! E ela mais uma vez mudou de táctica: de vez em quando ia espreitar uma galinha descuidada ou um coelhito preguiçoso, que se descuidava ao sol quentinho e deitava-lhe a gânfia.

Mas foi repousante - ao que parece - e feliz, o final daquela preguiçosa , descarada, mentirosa, mas grande atriz.

 Elita Guerreiro 26 /1/2022.

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