CRÓNICA DE SILÊNCIO
Aquele silêncio!... Era
quase imperceptível e impalpável, no entanto sentia-o tocar cada partícula do
meu ser, cada célula do meu corpo.
Estávamos quase imovíveis
os dois. À nossa volta, toda a envolvência se quedara ao perceber que deslizávamos
qual folha de uma magnólia, que o vento vai movendo sem pressa. Fora de nós,
tudo era sereno, transparente e não palpável.
Inexplicavelmente, a
folha branca, quieta e imóvel do bloco moveu-se silenciosa, tal como a
branca e sedosa flor da orquídea ,que pendia da vontade criteriosa e artística
do ramo, que mostrava o centro rosa pálido de todas as outras, indiferente às
diferentes cores das orquídeas dos outros vasos.
Um momento
inquietantemente belo! Tudo parte integrante daquele silencioso silêncio, quase
imperceptível e inaudível, da nuance de quietude daquela crónica de silêncio.
Adalberta Marques
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