segunda-feira, 5 de abril de 2021

Inéditos, por Adalberta Marques

 


CRÓNICA DE SILÊNCIO

Aquele silêncio!... Era quase imperceptível e impalpável, no entanto sentia-o tocar cada partícula do meu ser, cada célula do meu corpo.

Estávamos quase imovíveis os dois. À nossa volta, toda a envolvência se quedara ao perceber que deslizávamos qual folha de uma magnólia, que o vento vai movendo sem pressa. Fora de nós, tudo era sereno, transparente e não palpável.

Inexplicavelmente, a folha branca, quieta e imóvel do bloco moveu-se silenciosa, tal como a  branca e sedosa flor da orquídea ,que pendia da vontade criteriosa e artística do ramo, que mostrava o centro rosa pálido de todas as outras, indiferente às diferentes cores das orquídeas dos outros vasos.

Um momento inquietantemente belo! Tudo parte integrante daquele silencioso silêncio, quase imperceptível e inaudível, da nuance de quietude daquela crónica de silêncio.

Adalberta Marques

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