quarta-feira, 17 de julho de 2019

Reflexões sobre "História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar", Luis Sepúlveda (por Adalberta Marques)


Revisão à lei dos homens
Que seja permitido a todo e qualquer homem voar, independentemente do tamanho das suas asas e sem atrapalhar conscientemente ou não todos os que o desejam fazer.
Que a comunidade dos gatos (do porto marítimo de Hamburgo, do conto de Luís Sepúlveda) seja seguida pelos homens na solidariedade a uma causa, não se atrapalhando nem competindo uns com os outros, em prol de um objectivo comum, para que todos concorram com a complementaridade das suas competências .
Que sejam severamente punidos quantos, deliberadamente ou não, espalhem «a peste negra», impedindo a manifestação da vida e a preservação das espécies.
Que os castelos onde as gaivotas iniciem os seus voos sejam todos preservados e não simples amontoados de pedras em ruínas, continuando a balizar o sonho e a manifestar a sua beleza e  testemunho da História.
Que tal como a gaivota que, por tanto ter convivido com a comunidade de gatos que lhe salvaram a vida, já não queria voar, qualquer humano que rejeite as asas não seja obrigado a utilizá-las contra sua vontade... que todos os animais sejam tratados com o amor com que o foi «Ditosa», pelos gatos que a ensinaram a voar e que haja sempre um poeta por perto …
Que tal como as gaivotas têm uma única língua, também a dos humanos seja universal para um melhor entendimento entre todos.



Agradecimentos
Ao escritor Luís Sepúlveda, pela extraordinária capacidade de nos permitir perceber que é possível convivência e aprendizagem entre os humanos e os animais. Através das suas palavras fiquei a amar o gato «grande preto e gordo», Kengah que não fez o seu último voo sem providenciar a continuação de quem partilhava seu corpo e alma, «Colonello», «O Sabe -Tudo», «Terrível Terrível», «Secretário» e... a enorme enciclopédia!
Sábios conselhos, para que não tiremos «os miados das bocas uns dos outros».

A «História da gaivota e do gato que a ensinou a voar», foi recheada de coincidências em que passo a vida a tropeçar. O homem que voava com palavras, o poeta que leu ao gato um poema de Bernardo Atxaga (gaivotas)... Anos atrás, eu escrevera:
Lá estão elas tantas tantas
As gaivotas a voar
Pedaços de nuvens brancas
Lá estão elas tantas tantas
As gaivotas do meu mar

«Ditosa» gaivota que falava a língua dos gatos, ditosos gatos que falavam a língua da gaivota e dos homens. Ditoso o poeta, cujas palavras também voam e que, do alto da «Torre de são Miguel», ensinou a gaivota a voar.
Ditosos somos nós, os que de coração ao vento, através das palavras do escritor Luís Sepúlveda, ficámos de alma aberta para tentar entender a comunicação uns dos outros, Humanos e animais.

Adalberta Marques, 2019


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