“À
BEIRA DO ABISMO”
A
vida vai-nos tirando
As
coisas mais importantes,
Aquelas
que vão ficando
São
tão insignificantes!
Já
tivemos esperanças,
Hoje
olhamos para trás
Deixamos
de ser crianças,
E
só ansiamos pela paz!
Sonhamos
um grande amor
Que
não chegou a existir,
Ao
olharmos em redor
Passou
por nós, a sorrir!
Lá
na curva da estrada
Buscamos
o Paraíso,
Chegamos
e não há nada
E
quase não damos por isso!
Quando
a alma serena
Num
estranho comodismo,
Tão
leves como uma pena
Estamos
à beira do abismo!
Luta
o mal com o bem,
O
Demo com o Criador,
E
o pouco que ainda se tem
Perdeu
há muito o valor!
Elita Guerreiro 19/1/2017
“CONTOS E REALIDADES”
Se transportarmos para a vida real, o
belíssimo conto de Sofia de Melo Breyner a (Viagem,) verificamos as grandes semelhanças existentes entre o
conto e a realidade. Tal como o casal que encetou uma viagem de sonho, naquela
manhã de Setembro serena e luminosa, em que “ todas as coisas pareciam acesas,”como quem vai ao encontro da” Terra
Prometida,”também nós sonhamos com um amanhã
melhor:
um local tranquilo, onde reine a paz e
possamos plantar as tais “flores cor-de-rosa” que tanto encantaram a mulher… ou
talvez uma formosa borboleta venha poisar na nossa mão, amenizando com a sua
suave beleza as perdas das nossas vidas!
Quem de nós se não perdeu, na procura
incessante da realização dum sonho e se não deparou
com a “ Casa Deserta”? Quem de nós não sentiu sede e desesperou ante aquela “
Bilha Quebrada”? Quem não retrocedeu vezes sem conta, parecendo ouvir vozes e
se perdeu no silêncio? Ao menos o casal permanecia unido, de mãos dadas, numa
demonstração de amor, que os amparou ao longo de todas as provas pelas quais
passaram! Tal como eles, caminhamos sem cessar, pelos caminhos da vida. Umas
vezes perdendo, outras ganhando, mais perdendo do que ganhando, por vezes!
Famintos de esperança, deparamos por vezes com a tal “ sebe carregada de amoras
silvestres. “São maravilhosas”, exclamou, rindo, a mulher. “Temos de ir temos
de encontrar a estrada e a terra para onde vamos”, falou o homem. Era esta a
realidade. Como eles, lá vamos nós em busca da felicidade sonhada… Que nem
existe a maior parte das vezes!... Ou desapareceu na primeira curva do caminho,
assim com a nossa reserva de “amoras, de sonhos”. O homem tentava animar a
companheira, que por vezes desanimava “Tenho medo”!- dizia a mulher. “ Estamos
juntos.” - retorquia o homem. E assim se conservaram, mão na mão, até ao fim,
seguindo sempre em frente!”
Tal como eles, quando nada mais há a
perder e depois de vislumbrarmos o “Paraíso”, eis que aos nossos pés cansados,
se “abre o precipício, escuro e escorregadio”! “É a prova final. O casal do
conto até aí preso pelo amor, termina a sua “Viagem”. As mãos, que estiveram
unidas o tempo todo, desligaram-se e o homem caiu na escuridão sem que a
companheira o pudesse ajudar! “Segura-me” - ainda gritou. Mas já o abismo engolia
o seu corpo. A mulher gritou: “Agarra- te à terra!” Mas ela também se sentia
perdida, embora a esperança a não tivesse abandonado! Então, ainda arranjou
forças para gritar, na esperança de que do outro lado estivesse alguém que lhe
pudesse acudir!
Elita Guerreiro *19 /1/ 2017
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