segunda-feira, 2 de maio de 2016

Cantigas de Escárnio e Maldizer



Don Foão, que eu sei que é a preço de livão
vedes que fez en guerra - daquesto soo certão:
sol que viu os genetes, come boi que fer tavão,
sacudiu-se e revolveu-se, al-
çou rab e foi sa via a Portugal.

Don Foão, que eu sei que á preço de ligeiro,
vedes que fez en a guerra- daquesto sou verdadeiro:
sol que viu os genetes, come bezerro tenreiro,
sacudiu-se e revolveu-se, al-
çou rab e foi sa via a Portugal.

Don Foão, que eu sei que  á prez de liveldade,
vedes que fez en a guerra-sabede-o por verdade,
sol que viu os genetes, come can que sal de grade,
sacudiu-se e revolveu-se, al-
çou rab e foi sa via a Portugal."

D. Afonso Mendes de Besteiros

Sátira que consagrou ao deputado do CDS, João Morgado, o qual afirmara, no Parlamento, em 5 de Abril de 1982, entender a prática do sexo como meio de procriação, e nada mais.

Já que o coito, diz Morgado,
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino,
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai de um só rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção
ficou capado o Morgado.

Natália Correia

Perde o nome D. Foão
Por ser cobarde e poltrão!
Ligeiro de sentimentos,
Provou em muitos momentos
Que ser fidalgo não basta,
E nem sempre o nome arrasta
Consigo dignidade!
Mais vale na realidade
Ser só Manuel ou João
Do que um “ Nobre D. Foão”!...


Elita Guerreiro 17/4/2016

Sem comentários: