[comparar com os poemas Impressão Digital, António Gedeão e Cântico Negro, José Régio]
ESCOLHAS… CAMINHOS
(da história do Cavalinho e o rio)
Desconfiemos das primeiras
impressões! São-nos por vezes sugeridas, propostas, quase que enfiadas pelos
nossos olhos adentro para nos enganar!
Os olhos não podem escolher. Só
podem “olhar” como instrumentos que são, e enviar mensagens àquele órgão
maravilhoso que, ele sim, vai ponderar, pesar prós e contras, obstáculos,
armadilhas… e, por fim, usar os dados recolhidos no seu infinito computador interno
(sabe-se lá em que meandros) para tomar uma decisão final.
Escolher não é fácil; ah se o
fosse!... Escolher intuitivamente – perigoso – até pode dar certo e daí
enveredarmos pelo bom caminho; mas “ai” se não der!
O livre-arbítrio é uma forma antagonista
da intuição. Ou talvez não antagonista mas apenas complementar, não sei… É, no entanto, o que dá origem, no final de tudo pesado e
medido pela nossa “massa cinzenta”, a uma escolha pensada e sensata…
A sério? A sério!
Mercedes
“ O CAVALO E O RIO”
“ O CAVALO E O RIO”
Porque havemos nós de acreditar em tudo
quanto nos dizem? Aos olhos de uns, as coisas mais belas parecem por vezes
horrendas! Outros, pelo contrário, até numa pedra áspera, disforme, vêm
poeticamente uma obra de arte talhada pela Mãe Natureza! Por vezes, o conselho
de alguém com mais experiência ajuda muito. Senão vejamos…Se o cavalo tem
seguido o conselho de sua Mãe,
e não tem dado ouvidos ao boi e ao esquilo,
não tinha perdido tempo! “O rio não era nem muito raso, nem muito fundo “. Há que
usar a cabeça, diz a fábula! Então sem esquecer as belas lições que a Natureza
nos dá, recordemos que cada um vê o mundo à sua maneira!
Era uma vez uma história, que nos ficou na
memória!...
Elita Guerreiro* 13/1/2015
o Cavalo e o Rio ….”Os Diálogos Interiores
de um Cavalo
- Cavalinho… cavalinho…,, diz-me tu, porque
vens de cabeça junto ao chão? É do peso desse saco que carregas? Ou estás
doente?
Pobre de ti, tão novo, devias andar ainda a correr
e a brincar por esses prados, tão verdes e solarengos…
- Olha! Nada disso! O meu problema é que nunca
tinha saído do estábulo desde que nasci, e não conheço nada do mundo que me
rodeia e a minha mãe pediu-me para ir ao moinho entregar este saco de farinha.
Vida estreita esta! Vou continuar a andar até
encontrar o rio que terei de atravessar…
-Cavalinho … Não tem nada que saber, vais
sempre em frente e vê-lo-ás, vai ser fácil verás!... Que vida tão só a minha!...
Quando chegou perto do rio, encontrou um boi velho e um esquilo.
- Meus amigos, o rio é fundo?
- Não- respondeu o velho boi-, a mim, a água
dá-me pelos joelhos!
- Não acredites nesse aí- disse o esquilo- um
amigo meu morreu afogado há poucos dias.
Ao ouvir tais respostas, o cavalo pensou:
- Ai que medo! E se me afogo?
- É melhor eu voltar para casa e pedir ajuda à
minha mãe.
Ao
chegar ao estábulo, pediu à mãe para o auxiliar naquele dilema e
a resposta foi:
- Vens pedir-me ajuda?
- Usa essa cabeça, meu filho!
- Volta novamente ao caminho e faz o que te
pedi, só te quero dizer uma coisa:
- Não dês ouvidos a tudo o que te dizem.
-Ok! OK! Vou, novamente, ao encontro do rio e
hei-de atravessá-lo.
-Eu vou ao moinho.
De seguida, partiu, novamente, para aquela aventura. Encontrou
ainda aqueles dois patetas, aonde os tinha deixado.
- Eu tenho que ser forte e conseguir
atravessar o rio e regressar a casa, ouviram bem? Esperem para ver se cumpro ou
não a minha tarefa.
Se
melhor o pensou, melhor o fez.
De regresso a casa, não cabia em si de contente. Saltava,
abanava as orelhas e a cauda… nem parecia o cavalo assustado que conhecemos de
início. Finalmente, já junto ao estábulo, relinchou,…. relinchou…. e gritou bem
alto:
-
Missão Cumprida!...Missão cumprida!
- A mãe, ao ouvir tal barulho, aproximou-se orgulhosa
e disse-lhe:
-“Como
vês, somos sempre capazes de vencer desde que tenhamos a coragem e a vontade para
nos ultrapassar a nós próprios.
Não
é pelo que aparentamos, que se avalia quem pode ou não atravessar os obstáculos,
que se nos deparam a todo o momento ao longo da nossa vida.”.
Azeitão 16-01-2015
Carmo
Bairrada
O
Cavalo é como alguém que nunca saiu da sua zona de conforto. Para fazê-lo
necessita que alguém o aconselhe. Recorre a sua mãe: quem melhor que todas as mães
para poder aconselhar? O boi dá a sua opinião e o esquilo também. Mas como em
todas as decisões da vida, tem de ser ele próprio a fazer a sua escolha. Ao ver
realizada com êxito a travessia do rio, acertadamente pensou:
-
É bom ouvir conselhos e pedir sugestões, mas melhor mesmo é fazer o que o nosso
coração dita. Só assim nos sentiremos plenos e atravessaremos em segurança os
rios que encontrarmos no caminho.
Adalberta, 13.01.2015
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