quinta-feira, 30 de junho de 2022

Sobre a guerra, poemas de Adalberta Marques

 ACORDAM-ME

Acordam-me os gemidos da terra

E as sirenes assustadoras

Proclamando a guerra

E o apelo dos homens

Ansiando sempre! Sempre por mais terra

Acordam-me! Acordam-me os sem compaixão

Que promovem armas e destruição

Acordam-me os campos despidos de pão

E o eco que vem do outro lado da terra

Onde a destruição é a personificação da própria guerra

Onde os seres por amor gerados

Tombam no chão desperdiçados

Acordam-me os marcos da cultura

Transformados em sepultura

Quem me dera!

Que o mar que sei do outro lado da serra

Me sussurre baixinho ao ouvido:

-«Dorme ! Entenderam-se os homens, findou a guerra»

«Dorme! Entenderam-se os homens, envolta em paz está a terra».

 

Adalberta Marques, Junho de 2022

AMBAS

 

Ansiadas ou rejeitadas, no coração dos homens.

Ambas foram titulo de best sellers

A ambas foram erigidos monumentos

O símbolo de uma é um pássaro esvoaçante

O da outra é cor de chumbo pesado.

Por uma se constroem sonhos

Homens de brancos vestidos resgatam países pacificamente,

Por outra se desperdiçam vidas, tantas vidas inocentes…

O coração de qualquer homem pode promover ambas

Uma, ansiamo-la correndo como um rio

Outra, tememo-la

Pela desumanidade

Pela destruição e pela esterilidade deixada na terra

As mais belas coroas de flores são colocadas aos pés de soldados desconhecidos

Que, pelejando, perdem suas vidas .

Paz e guerra, ambas!

 Uma amorosamente ansiada, outra temida e rejeitada

Promovidas pelos Homens.

Ambas…


Adalberta Marques, Junho de 2022


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