quinta-feira, 12 de maio de 2022

Romance da Raposa (2.a parte, IV)


RESUMO DO 4º. CAPÍTULO – 2ª. PARTE

ROMANCE DA RAPOSA

A Comadre Salta-Pocinhas faltou ao habitual encontro. A Raposa Patifina e as amigas correram tudo à sua procura, não conseguindo encontrá-la.

Foram até à boca da mina e gritaram pelo seu nome, até que ouviram uma voz fraca dizendo que estava com a peste. As raposas fugiram à excepção de Patifina que acabou por ficar e descobrir que a Comadre Salta-Pocinhas estava a banquetear-se com uma boa peça de carne fresca. Ela convida-a. Patifina aceita e sai de barriga cheia, pensando que tinha descoberto o sítio certo, onde a comida não lhe faltaria.

No dia seguinte, apareceu sozinha, sem lhe passar pela cabeça ser recebida pelo Lobo Brutamontes. A Raposa Patifina fugiu, comentando consigo que se juntara a Manha com a Bruteza.

Numa manhã fria e nublada, os Compadres decidiram sair para caçar. De repente, passou por eles uma mulher com um cesto à cabeça e o  Lobo quis atacá-la. Salta-Pocinhas advertiu-o para que não o fizesse, pois ficariam sujeitos a serem vistos pelos homens que limpavam a mata. Pediu para ficar onde estava, que ela continuaria a seguir a mulher. Mais adiante, olhou o céu e viu que a Lua Cheia já estava a descoberto, reflectida na água da poça.

A Comadre chamou o Lobo, contou-lhe que a mulher do cesto escorregara e caira do cesto um queijo que fora parar dentro de água. O Compadre cobiçou o queijo…

A Comadre Salta-Pocinhas explicou-lhe que o que resultaria era que os dois fossem para dentro da poça e bebessem toda a água que pudessem, pois assim o queijo viria ao cimo. 

Com grande impaciência, o Lobo bebeu água até não conseguir andar a direito, enquanto a Comadre só molhou a boca. Como o queijo não viesse à tona, Salta-Pocinhas disse-lhe que esperasse, pois ia à procura de uma enxada para o retirar da água.

Aí chegada, regouga e atrai os homens da mata que ao ouvi-la a perseguem. De repente, deixam de a ver. Voltaram para trás, viram o Lobo Brutamontes sem se mexer e deram-lhe uma sova, seguida de apedrejamento, ficando sem se poder vingar, enquanto a Salta-Pocinhas se deliciava com o almoço dos mateiros.

Quando a Comadre chegou de barriga cheia e viu o estado em que ele estava, encolheu uma pata e coxeou, queixando-se que tinha muitas dores, pedindo ao Compadre que a levasse às cavalitas, pois iam ser mortos pelos mateiros. O Lobo negou-se. A Comadre começou a carpir – se de tal maneira, que ele acabou por consentir. Quando se apanhou às cavalitas, começou a cantar. A sua astúcia, mais uma vez, contribuiu para humilhar o Lobo Brutamontes, que se considerava muito esperto.

 Azeitão, 01-05-2022 

Carmo Bairrada

A SALTA -  POCINHAS, O BRUTAMONTES E A PATIFINA

Sob o comando da Patifina, foram procurar a Salta - Pocinhas, que não aparecia há alguns dias. Chamaram-na à entrada da velha mina, mas não obtiveram resposta. Então, a Patifina foi entrando. Sentindo que alguém se aproximava, a raposa começou a lamuriar-se, que estava doente, que tinha peste… Fugiram as raposas, temendo o contágio. A Patifina seguiu em frente e foi encontrar a Salta  - Pocinhas a comer um pedaço de lombo de carneiro. Comeram as duas. No dia seguinte, a Patifina voltou à mina, mas a surpresa foi enorme, ao ver a Salta  - Pocinhas e o lobo Brutamontes estraçalhando um enorme chibato. Fugiu sem olhar para trás: o lobo e a raposa haviam feito as pazes e comemoravam com um grande festim. Voltaram às caçadas. Um dia, passou por perto uma mulher, carregando à cabeça um cabaz com comer. O lobo estava tentado a atacá-la, mas a raposa tratou de o dissuadir. Convenceu-o de que do cesto havia caído um queijo e que estaria no fundo do charco e que o remédio era esvaziá-lo, bebendo toda a água! Era o reflexo da lua, mas o lobo, convencido, bebeu, bebeu, até cair empanturrado, sem se poder mexer. Então a raposa, pé ante pé, aproximou-se do campo, onde almoçavam os trabalhadores, que ao notá-la, correram no seu encalço com quantas ferramentas tinham à mão. Esquecido o almoço, a raposa fez dele um banquete. Acabada a festa, escondeu-se e ficou a apreciar a aflição do lobo, muito maltratado, tentando fugir dos caçadores. Quando por fim se juntaram, a raposa começou a choramingar, queixando-se das suas velhas pernas. Tanto lamuriou que conseguiu que o lobo a levasse às cavalitas! Então, cantava feliz.

Elita Guerreiro 17/5/2022

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