Proençaes soen mui ben trobar
e dizen eles que é con amor;
mais os que troban no tempo da frol
e non en outro, sei eu ben que non
an tan gran coita no seu coraçon
qual m'eu por mha senhor vejo levar.
Pero que troban e saben loar
sas senhores o mais e o melhor
que eles poden, soõ sabedor
que os que troban quand'a frol sazon
á, e non ante, se Deus mi perdon,
non an tal coita qual eu ei sen par.
Ca os que troban e que s'alegrar
van eno tempo que ten a color
a frol consigu', e, tanto que se for
aquel tempo, logu'en trobar razon
non an, non viven [en] qual perdiçon
oj'eu vivo, que pois m'á-de matar.
Dom Dinis
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Os provençais que bem sabem
trovar!
e dizem eles que trovam com amor,
mas os que cantam na estação da flor
e nunca antes, jamais no coração
semelhante tristeza sentirão
qual por minha senhora ando a levar.
Muito bem trovam! Que bem sabem louvar
as suas bem-amadas! Com ardor
os provençais lhes tecem um louvor!
mas os que trovam durante a estação
da flor e nunca antes, sei que não
conhecem dor que à minha se compare.
Os que trovam e alegres vejo estar
quando na flor está derramada a cor
e que depois quando a estação se for,
de trovar não mais se lembrarão,
esses, sei eu que nunca morrerão
da desventura que vejo a mim matar.
Natália Correia
Cantares dos Trovadores
Galego-Portugueses
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No tempo que se
cantava
O amor em serenata
Às donzelas nas varandas
Por sob o luar de prata
Eram cantigas de amigo
Eram lindos esses versos
Eram poemas cantados
Que embevecidas escutavam
Dos lábios apaixonados
Diziam os trovadores
Às damas “ó mia senhor”
E acompanhavam à lira
Belas palavras de amor
Mercedes Ferrari
Não
sou como os “provençais”
Não
rimo só com a cor
No
ondular dos pinhais
Eu
leio a palavra amor
E
um dia, quem sabe um dia
Não
sendo o tempo da “flor”
Eu
a rimar de alegria
Não
posso morrer de amor
Nas
agulhas dos pinhais
Plantadas
pelo “trovador”
Ainda
há suspiros e ais
Não
sendo o tempo da flor.
Adalberta Marques
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