I
Impressão Digital
Os meus olhos são uns olhos,
e é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos,
onde outros, com outros olhos,
nao vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos, diz flores!
De tudo o mesmo se diz!
Onde uns vêem luto e dores,
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Pelas ruas e estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente!!
Inutil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos!
Onde Sancho vê moinhos,
D.Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos!
Vê gigantes? São gigantes!
in "Movimento Perpétuo", 1956
NO CENTRO DO UNIVERSO “
Sou como a água da fonte
Que brota da rocha fria,
Sou como a urze do monte
Que abre ao sol do meio-dia!
Sou como a erva pisada
Pelos animais em fuga,
Sou como a terra lavrada
Que o arado aprofunda!
Sou a ponte destruída
Pelo tempo e pelos ventos,
Que arrastam sonhos e vidas
Magoando os sentimentos!
Porém, jamais esqueço
Que tal e qual como sou,
Pertenço ao Universo
No centro do qual estou…
Elita Guerreiro * 21/2/22015
Era uma vez um poeta
De olhar sincero e cru,
Que como uma porta aberta
Escreveu um poema “nu”
Não escolheu as flores
Por mais belas e formosas,
Nem gentes com seus amores
Não escolheu versos nem prosas!
Apenas o seu olhar
Sem dúvidas, mansamente,
Para nos poder lembrar
Que cada um é o que sente…
Tantas interrogações
Que fazemos dia a dia!
Abram-se os corações,
E vivamos com alegria!...
Eu queria ser Gedeão
Na força da afirmação!
Eu queria ser o poeta
E deixar uma porta aberta…
A propósito do poema “ Impressão Digital “ do Poeta António Gedeão.
Elita Guerreiro *13/1/2015
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