ENQUADRAMENTO HISTORICO-CULTURAL
O Teocentrismo (de TEOS, em grego: “Deus”) medieval dá lugar a uma nova forma de entender o Universo, o Antropocentrismo (de ANTROPOS, em grego: Homem), ao colocar o Homem como centro de interesse e estudo. Assim sendo, os deuses e os demónios passam para segundo plano, passando o principal papel para o Homem. O Homem acredita a partir daqui nas suas capacidades.Os mercadores e os burgueses surgem como nova força e com mais poder .
Desenvolvem-se a cosmografia, geografia, ciências naturais e outras.
A numeração é incrementada, pois é fundamental para a nova realidade dos negócios.
Surge a cronometria, o uso do relógio deixa de ser privilégio dos nobres.
Com o aparecimento de novos produtos, a economia sofreu um desenvolvimento muito grande, não só a nível nacional, mas europeu.
Surgem as primeiras instituições bancárias, com a necessidade de rapidez nas transações comerciais.
O poder de compra aumenta. A burguesia adquire um poder que a faz ascender socialmente.
A população emigra para os grandes burgos e o interior desertifica-se.
Com o aparecimento de novos produtos, criam-se novos hábitos alimentares.
Fontes: http//www.geocities.com
As motivações dos Descobrimentos Portugueses foram económicas e religiosas.A igreja estava interessada em novos fiéis e deu o seu apoio.
O Rei estava interessado em mais impostos e financiou.
Economicamente, Portugal estava muito debilitado. As comunicações e transporte de mercadorias faziam-se pelo mar mediterrânico, onde a Itália mandava.
A necessidade de ir às fontes buscar as mercadorias, a necessidade de conquistar novas terras, a experiência dos marinheiros (adquirida nas viagens a portos Europeus), a descoberta de instrumentos de navegação (astrolábio, etc. ) e o avanço na construção naval foram os motivos para se avançar na descoberta de novos rumos e novas terras, por mar.
Fontes: http//www.historiadeportugal.info/os-descobrimentos
Portugal tinha, como fronteiras, a Espanha e o mar.
A única alternativa de expansão era o norte de África, mais próxima mas menos arriscada e é dela que nos fala Camões, através do episódio simbólico do “Velho do Restelo”
“Não tens junto contigo o Ismaelita
Com quem sempre terás guerras sobejas?
Não segue ele do Arábio a lei maldita
Se tu pela de Cristo só pelejas?
Não tem cidades mil, terra infinita,
Se terras e riqueza mais desejas?
Não é ele por armas esforçado
Se queres por vitórias ser louvado?”
Tudo o que se iria conseguir com este empreendimento (aventura, fama, riqueza), poderia ter-se sem que para isso fosse necessário partir para o desconhecido.
Luís de Camões, Lusíadas,IV, 97 e 101
“ A que novos desastres determinas
De levar estes reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas
Debaixo dalgum nome preminente?
Que promessas de reinos, e de minas
D’ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos, que palmas, que vitórias? “
“ Deixas criar às portas o inimigo,
Por ires buscar outro de tão longe,Por quem se despovoe o Reino antigo,
Se enfraqueça e se vá deitando a longe?
Buscas o incerto e incógnito perigo
Por que a fama te exalte e te lisonge,
Chamando-te senhor, com larga cópia,
Da Índia, Pérsia, Arábia e de Etiópia?”
Idoso, sensato, experiente, assim era o Velho do Restelo aos olhos dos marinheiros que partiam . Ele é também a voz da sabedoria, a consciência dos mais velhos, que pensavam o mesmo mas não tinham coragem de falar.
Luís de Camões, Os Lusiadas, IV, 94
Mas um velho d’aspeito venerando,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós no mar ouvimos claramente,
C’um saber só de experiência feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
Manuel Valinho (Almeida)
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