sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

"O Corvo e a Raposa"























“A RAPOSA E O CORVO”

Quando eu era pequena, minha Mãe tinha o cuidado de me ensinar tudo o que ela por sua própria sabedoria me transmitia com muito amor e carinho. Apesar de ser uma mulher extraordinária, era “analfabética”, como se dizia.

Um dia, já eu era espigadota, disse-me isto:
- Toma sempre cuidado com o mal!
Fiquei calada sem perceber o que queria ela dizer com aquilo.
Como fiquei tempo demais sem dizer nada, pois era uma maria-rapaz, ela estranhou e perguntou:
- Por acaso ouviste o que te disse?
- Ouvi sim, Mãe, mas não entendi onde queria chegar:
- Pois então, eu explico- te :
- Tens que ser uma raposa astuta, forte, sempre atenta a tudo o que gira à tua volta!  Só assim te salvarás dos perigos que te rodeiam. Nunca te esqueças que o mal ou o bem podem assumir diversas formas de o ser.

Assim, gostaria que tu quando fores mais velha, ou seja, uma jovem com  cinco ou seis anos a mais, te apercebas daquilo te ensino agora, porque eu não duro para sempre.

- Está bem, Mãe, continue, diga lá o que tem para me dizer acerca dessa tal  raposa!  
- Vê lá se me entendes! : o ser raposa é de facto estarmos aptos a resolver coisas difíceis,
 que passam por nós, com mais facilidade do que aqueles, que se fazem de sábios,  que nos rodeiam , aos quais eu chamo “os Corvos”, aquelas  grandes aves com uma cor preta muito especial, que passam e repassam sobre as nossas cabeças, esperando que possamos cair em desgraça para sermos despojados de todos os nossos sentimentos, atitudes e consciência.
São terríveis os Corvos: deixa-os passar, deixa-os voar para bem longe de ti, para que não caias nas tentações demoníacas das suas garras. Por isso te digo,  mais vale termos  sempre um pé atrás, do que cair  no canto do cisne.
Percebeste agora o que eu te quis dizer?
- É verdade Mãe , sendo assim, creio  que aprendi a lição que me  acabas de dar. Farei dela um pilar da minha formação para o futuro  “o tal que o povo diz que é negro”. Que analogia esta, Mãe!

- Beijo-te com todo o amor que tenho por ti e peço a tua longevidade, para que quando algum Corvo se cruzar no meu caminho , e  eu tiver de fazer o que deve ser feito, fiques de certo orgulhosa, desta tonta filha,  que hoje só tem quinze anos.

Bem-hajas, por tudo o que fizeste e me ensinaste !
Beijos para ti Mãe , onde quer que estejas. Abençoada pelo teu nome

Felizbela.
  

Azeitão 07-10-2014

Sem comentários: