Eno sagrado, en Vigo, bailava corpo velido: amor hei! En Vigo, no sagrado, bailava corpo delgado: amor hei! Bailava corpo velido, que nunca houver'amigo: amor hei! Bailava corpo delgado, que nunca houver'amado: amor hei! Que nunca houver' amigo, ergas no sagrad', en Vigo: amor hei! Que nunca houver'amado, ergas en Vigo, no sagrado: amor hei!
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Martim Codax, (CV 889 / CBN 1283)
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“Cantar de Amigo”
À beira do rio fui dançar… Dançando
Me estava entretendo,
Muito a sós comigo,
Quando na outra margem, como se escondendo
Para que eu não visse que me estava olhando,
Por entre os salgueiros vi o meu amigo.
Vi o meu amigo cujos olhos tristes
Certo se alegravam
De me ver dançar.
Fui largando as roupas que me embaraçavam,
Fui soltando as tranças… Olhos que me vistes,
Doces olhos tristes, não no ireis contar!
Que o amor é lume bem eu sei… que logo
Que vi meu amigo
Por entre os salgueiros ,
Melhor eu dançava, já não só comigo
Toda num quebranto, ao mesmo tempo em fogo,
Melhor eu movia mãos e pés ligeiros.
Que Deus me perdoe, que os seus olhos tristes
Assim ofertava
Minha formosura!
Se não fora o rio que nos separava,
Cruel com nós ambos, olhos que me vistes,
Nem eu me amostrara tão de mim segura.
José Régio
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Braços
abertos, na vida,
Agarram tua
partida:
Saudades
tuas!
Na vida,
braços abertos,
Agarram teu
despedir:
Saudades
tuas!
Agarram a
tua partida,
Cercam tua
fugida:
Saudades
tuas!
Agarram teu
despedir,
Cercam o teu
fugir:
Saudades
tuas!
Cercam tua
fugida,
Soltam dor
incontida:
Saudades
tuas!
Cercam o teu
fugir
Deixam
lágrimas cair:
Saudades
tuas!
Maria José Borges
Dança
à beira do rio
Ao
som da música das águas,
Desnuda-se
sem ter frio
Alegre,
não sente mágoas!
Mas
o rio cruel separa
Os
corpos de quem se ama,
A
sua água clara
Ainda
mais ateia a chama!
Viu-os,
por entre os salgueiros
Quebrando
a solidão,
Uns
olhos tristes fagueiros
E
acentuou a sedução.
Foi
despindo os seus vestidos
E
esquecendo o pudor,
Porque
os seus cinco sentidos
Estavam
com aquele amor!
As
longas tranças desfeitas
Não
encobrem a nudez,
E
tu que de longe espreitas
Não
vais contar o que vês!
Que
coragem tem a paixão
Que
esquece tudo em redor,
E
deixa que o coração
Se
torne rei e senhor!
Elita Guerreiro * 14/11/2015
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