Roi Queimado morreu com amor
em seus cantares, par Santa Maria,
por uma dona que gran bem queria;
e, por se meter por mais trobador,
por que lh' ela non quiso bem fazer,
feze-s' el em seus cantares morrer,
mais resurgiu depois, ao tercer dia.
Este fez ele por uma sa senhor
que quer gram bem; e mais vos ém diria:
por que cuida que faz i mestria,
enos cantares que fez, á sabor
de morrer i e des i d' ar viver;
esto faz el, que x' o pode fazer,
mais outr' omem per rem nono faria.
e nom á já de sa morte pavor,
se nom, sa morte mais la temeria,
mais sabe bem, per sa sabedoria,
que viverá, des quando morto for;
e faz-s' em seu cantar morte prender,
des i ar vive: vedes que poder
que lhi Deus deu, - mais queno cuidaria!
E se mi Deus a mi desse poder
qual oj' el á, pois morrer, de viver,
ja mais morte nunca eu temeria.
Pero Garcia Burgalês (CV 988/CBN 1380)
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“
ROI QUEIMADO MORRIA, MORRIA”
Morria
nas trovas que fazia
“Por
uma dona que gran bem queria”
Andava
por terras de Santa Maria,
E
a tal “dona” nem o ouvia!
Dava-se
ares de “gran Trobador”
Dizia
morrer pelo seu amor,
Roi
Queimado morria, morria
“
Mas ressurgia ao terceiro dia”!
Fez
esta trova para uma “senhor”
Alguém
que não queria o seu amor!
Julgava-se
grande na sua poesia
“Porque
cuida que faz i mestria".
São
tão patéticas as trovas que escreve,
Que a escrever assim, ninguém se atreve!
Vive
e morre na sua poesia,
“Mais
outr´omem por rem nono faria”
A
morte não lhe mete medo
Parece
até conhecer-lhe o segredo!
“Que
viverá, des quando morto for;”
E
assim fala dela com destemor
Como
se nada tivesse a temer,
“E
faz-s em seu cantar a morte prender!”
Quem
diria, dar-lhe Deus tal poder,
De
viver e morrer sempre que quer!...
Eu
também não teria medo de morrer
“Se
mi Deus a mi desse tal poder.”
Mas
Roi Queimado foi dotado pela fantasia,
E
por isso morria, morria…
E
sempre ressurgia ao terceiro dia!
De
que lhe serviu tanto destemor,
Se
a tal “ dona “ não quis o seu amor?
Elita
Guerreiro 16/5/2016
1 comentário:
Eu adorei este texto
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