A SEBASTIÃO DA GAMA
Servo de Deus,
Poeta da natureza.
Tu serás sempre
anjo ancorado
na Serra-Mãe.
Terra que tu beijaste
e que por ti foi cantada,
nos poemas que deixaste
na obra inacabada.
Tu serás sempre uma voz
Do Amor e da Liberdade,
na tua nova morada.
Poeta da natureza
Foste o arauto,
e a voz da Arrábida.
Campo Aberto e Cabo da Boa Esperança.
Pelo sonho, tu seguiste,
entre estevas e flores,
num supremo querer divino
em férteis e encantados amores.
Foste Mar-Azul
memorial do teu povo,
êxtase e presença espiritual.
Tantas vezes te chamaram louco.
deixa lá isso!
em tua defesa...
estão os teus cânticos.
Os poetas, esses nunca morrem,
enquanto houver poesia, serão imortais.
Porque tu, Sebastião da Gama,
nesta encruzilhada da Vida
foste e serás,
como Camões, Bocage e Pessoa,
um poeta genial.
Artur Vaz
À SERRA E AO POETA
Porque me doem meus pés?
Porque gosto dos teus silêncios?
Gosto de caminhar por ti, ó
Serra!
Gosto das árvores
retorcidas, caladas,
Gosto dos pássaros que por
elas esvoaçam de ramo em ramo
Quais crianças alegres e
felizes.
Gosto das pedras que
choram doridas de tantos pés que as pisam,
Gosto das flores e frutos
coloridos que desabrocham em teu redor.
Porque choram os meus olhos?
Porque me doem meus pés?
Porque gosto dos teus silêncios?
És um legado longínquo,
Já nem sei contar teus
anos...
Continuam a passar por ti as
Estações:
-São as Primaveras
encantadoras e frescas
Que fazem despertar em ti a
Natureza;
-São os Estios, verões quentes e sensuais,
que te aquecem com os seus
raios de sol;
-São os Outonos que
despenteiam as árvores das suas folhas
E que tornam dourados os teus
contornos;
-Finalmente, os Invernos
longos com seus ventos agrestes
E chuvas copiosas, que
mais parecem rios que na sua correria
Louca serpenteiam o teu recôndito corpo.
Porque choram os meus olhos?
Porque me doem meus pés?
Porque gosto dos teus silêncios?
Continuo a dar os meus
passos cansados
ao longo dos caminhos desta
Serra.
Penso em ti, ó Poeta
Que tão novo nos deixaste,
Com tanto para repartir.
Só agora te conheci.
Estou a despertar para a
tua poesia...
Foste filho desta Serra!
Revejo-te nesta paisagem do
Deus Criador.
Talvez por isso estás
sempre presente neste lugar.
A tua poesia revela-se no o
amor místico que tinhas a esta Mãe
Que te deu inspiração e te
embalou nos seus braços de mulher,
E te Fez o Menino-Homem
que do seu ventre nasceu.
- A esse sentimento mútuo poderíamos chamar catarse;
- EU (poeta)sou TU (serra) e TU és EU -
É isto "o concriar", que a filosofia nos
ensina.
A fusão plena e total do Um com o Outro. -
Assim, acabei por descobrir,
O TU que foste e o EU da
tua Serra,
Que é um espaço vivo para todos
nós.
Porque choravam os meus olhos
Porque gostava dos teus silêncios....
Porque agora aprendi a gostar
Do teu filho, do teu poeta.
Foi para ti Serra - Mãe e para o Poeta Sebastião da Gama
que aqui deixo
estas palavras
em jeito de
Homenagem.
Carmo Bairrada
INSPIRAÇÕES
(A PROPÓSITO DE
“ELEGIA PARA A MINHA CAMPA”
De Sebastião da
Gama)
Uma voz, um grito
de paixão
Uma obsessão sem
fim
Por esta serra que
chamas de mãe
Como se das suas
entranhas
Tivesses sido
arrancado
E lá desejasses
voltar,
com todas as tuas forças.
Ser poeta permitiu-te declarar essa paixão
Mais e mais,
sempre e sempre!
Para onde querias
ir
E nos deixaste
Órfãos da tua
poesia
Órfãos da tua
serra,Onde rastejamos à
tua procura...
Mercedes Ferrari, Janº- fevº / 2014
Poeta dos
nossos tempos
Grande poeta
humanista
Toda a sua vida
dedicou
À Serra Mãe e à poesia mística
A Serra foi seu amor
Como de uma mãe se tratasse
Viveu-a em todo o esplendor
Como se da dor se libertasse
Sonhador e pensador
Em tudo sentia a poesia
Desde o murmúrio das fontes
Ao suave sussurro da maresia
Aqui viveu, foi feliz
Fazendo o que mais gostava
Cantando sua Serra - Mãe,
Aquela que tanto amava
A Serra era sua paisagem
Seu ambiente natural
Aqui se sentia em paz
Tentando esquecer seu mal
Era um viver em beleza
Na serra que o abrigava
Contemplando aquela natureza
Era assim que ele se realizava.
Dedicou-lhe toda uma vida
E suas maravilhas explorou,
Conhecia-a tão intensamente
Que sua beleza exaltou...
Exaltou serras e montes
Regatos, matas e
fontes,
Como todos os recantos conhecia
Era na Serra e para ela que vivia.
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