quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Décimas (Alentejo): inéditos


A ROSA

MOTE:

Vai meu tempo e vem o dela
Sem saber o que dizer
O tempo traz a mazela
Que mais eu posso fazer?



Uma rosa abandonada
Deixou de ter o seu cheiro.
Vive triste num lameiro,
Sentindo-se desprezada
Já não serve para nada…
Vem a perdiz junto dela
Ficou lá, qual sentinela,
A rosa tornou-se viva
Foi parar a uma diva
Vai meu tempo e vem o dela.

Triste rosa maltratada
Sem sol, sem companhia,
No tempo em que chovia
Fostes rosa enjeitada.
Com tristeza carregada,
O teu sonho de viver
Contigo há-de morrer…
Foste salva por um triz
Por aquele chafariz
Sem saber o que dizer.



Por vê-la arrebitada,
Muito espantado ficava
Quem por ali passava…
És uma flor delicada
Que merece ser olhada!
Achavam-na muito bela
P’ra ser pintada em tela…
Qualquer pintor gostaria
De a ver assim um dia,
O tempo traz a mazela.


Todos nós envelhecemos
As pessoas e as flores
Não se vai morrer d’amores
Por qualquer um que apareça!
É melhor que se esqueça…
Nunca percas o teu norte!...
Acaba aqui o teu mote,
Temos muito a aprender,
Teremos muito a dizer…
Que mais eu posso fazer?

Lousã, 08-02-2016

Carmo Bairrada

ESQUEMA  RIMÁTICO DE UMA ESTROFE (DÉCIMA, VERSO HEPTASSÍLABO) 

A    Na primavera bem-vinda
B    A passear pelo prado
B    Com o amante a seu lado
A    É tão jovenzinha ainda
A    Essa menina tão linda
C    Que acende a imaginação
C    E aquece o coração
D    Ali, no meio da verdura
D    Casalinho de alma pura

C    É uma estupenda visão.

Mercedes Ferrari

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