quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

"O Patinho Feio"























UMA LIÇÃO DE AMOR”
No ribeiro da aldeia, de margens perfumadas pelas violetas, uma Mamã pata ensinava os seus bebés a nadar e a pescar. Eram tão lindos os pequenos patos!
Despertavam tamanha ternura!
Eu passava horas junto do ribeiro a vê-los, a assistir às provas de amor
daquela pata, que tão carinhosamente preparava para a vida a sua linda ninhada! As crianças que como eu, gostavam de ver aquela família pareciam não os ver da mesma maneira…Eu sentia uma ternura infinita por aquele “Infantário Ambulante”!  E aos meus olhos, os bebés patinhos eram todos iguais! As outras crianças atentavam no mais franzino e desajeitado de todos. Riam da sua falta de jeito para seguir os irmãos nos quais tropeçava vezes sem conta…Eu não achava graça…
Serena e carinhosa, indiferente à troça das crianças, a mãe pata nadava
calma e tranquilamente com a sua linda prole. A ela não fazia diferença
as diferenças existentes entre os seus filhos! Amava-os com o mesmo amor carinhoso e terno. Um dia, o meu Pai que sempre sabia onde me encontrar, veio sentar-se a meu lado e eu, com o carinho de sempre, disse:
- Deveriam ser assim todos os Pais! Mas eu sou a mais pequena e franzina dos seus sete filhos…
-  Pois és mesmo. E é por isso que todos te queremos tanto!...Nem o pequeno pato é  feio por ser diferente, nem tu menos amada, por seres tão pequenina e franzina! 
A conversa acabou com um longo abraço e na minha chegada a casa às cavalitas do meu Pai.

Elita Guerreiro * 14/11 /2014 A minha versão da fábula do patinho feio



O PATINHO FEIO
Uma Família portuguesa

A Família do Dr. Fausto, muito conceituada, era grande para o que se vê hoje em dia: para além dos pais, existiam dois rapazes e três raparigas (entre os 8 e os 16 anos), Já todos habituados, como se dizia lá em casa, a uma vida de caserna, com faxina, e tudo o que viesse por arrasto.  Pareciam uma máquina bem oleada e não saiam dos carris. Mal sabiam eles o que viria a acontecer naquela casa nos dias seguintes: os pais levaram muito tempo a tomarem uma decisão que, certamente, iria espantar os seus 5 filhos

Nesse Domingo, à hora de almoço, quando todos estavam sentados à mesa, O Dr. Fausto levantou-se e com um ar calmo, disse:

- Meus meninos, vou informar-vos que partirei na próxima 4. Feira para a Ásia, mais propriamente para Timor durante, aproximadamente, três semanas.
Ficaram todos a olhar uns para os outros e a pensarem a mesma coisa; - como o pai era médico deveria ter sido chamado para uma missão importante -mas Timor era muito, muito longe. De repente, todos ao mesmo tempo, exclamaram:

- Que chatice! tão longe!...
O mais velho falou:
- Não havia mais ninguém que pudesse ir no teu lugar? Timor é bué de longe, pai. vamos ficar aqui sozinhos com a Mãe a sofrer pela tua ausência?

O Pai para os acalmar explicou que a missão que o levava a Timor não tinha nada a ver com o seu trabalho. Era realmente importante mas, por agora, não poderia dizer mais nada. A refeição decorreu dentro da normalidade, como de costume.

Na 4ª, feira de manhã, o Dr. Fausto fez questão de levar os filhos à escola e despediu-se de cada um deles.
Pelas 18h00, o avião partiu. A viagem seria longa e cansativa. Ao chegar lá, foi de imediato para o Hotel preparar-se para o encontro que estava marcado na embaixada, que de pronto o transportou de carro, até  uma pequena e paupérrima aldeia, de nome Lahae. Passavam duas horas quando o Dr. Fausto saiu da Palhota, trazendo consigo pela mão um rapazinho de olhos grandes, mas assustado.

O carro que os esperava partiu a toda a velocidade, direito ao aeroporto para apanharem o avião de regresso a Portugal. Isto depois de três semanas de grande azáfama em tratar de tudo o que era necessário à saída do rapazinho do seu próprio país.

Quando chegaram perto da família, foi abraços e beijos que nunca mais acabavam e
o pobre miúdo escondido atrás do doutor sem ninguém dar por ele.
Quando começaram a dirigir-se para o carro,  é que olharam para a criança que vinha agarrada às calças do Dr. Fausto. Pararam de repente e a mulher do doutor foi buscá-lo e abraçou-o com quanta força tinha.

Então o filho mais velho, com ar espantado, perguntou:
- Quem é esse? É algum doente que trouxeste para o tratares aqui?

- Não, em casa falarei com vocês. Quando entraram no carro, o miúdo teve medo, nunca tinha visto nada parecido; aconteceu a seguir a mesma coisa com a chegada a casa. A mãe muito delicadamente pegou nele ao colo e foram para a sala, para a explicação de toda a situação.
 - Acabei de trazer para a nossa casa mais um filho e vocês acabaram de ganhar mais um irmão. Era só isto que tinha para vos dizer.

Por fim, o Dr. Fausto e a Mulher, comovidos, pediram a todos que ajudassem a fazer crescer aquele menino, dentro dos valores em que tinham sido criados, de forma a que ele nunca se sentisse “O Patinho Feio da Família”

Já era tarde e foram todos dormir. Na manhã seguinte, muito cedo, soou a sineta e todos se levantaram e foram preparar-se para o pequeno-almoço e para mais um dia de aulas.
 No meio da refeição, ouviram um soluçar. Viraram-se todos para ver o que se passava: era o menino que andava perdido há muito tempo naquele casarão até achar o barulho daquelas vozes.

 O filho mais velho pegou nele com todo o carinho e sentou-o à mesa na cadeira que fora de todos eles quando eram pequeninos. Depois perguntou-lhe:
- Como é o teu nome?
A criança não respondeu, mas o pai disse bem alto: 
- Chama-se DIOGO!

- VIVA O NOSSO IRMÃO MAIS NOVO! VIVA!- gritaram todos com o coração a
transbordar de palpitações.
 F I M
Azeitão 14-10-2014
Carmo Bairrada

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