quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

"A Princesa e a Ervilha"























 A PRINCESA E A ERVILHA


Num país muito longe
havia um grande castelo,
onde vivia um quase monge.
Um dia saiu à procura
duma princesa verdadeira
Muito procurou e nada encontrou
Deu meia volta
e ao castelo retornou.

Seus pais disso deram nota
mas nada questionaram…
ficaram ali parados
a rainha pálida, parecia morta.

Nessa noite abateu-se sobre o castelo
uma enorme tempestade.
De repente, pareceu que alguém batia à porta
um bater tão leve, que só podia ser vento.
Perguntaram de dentro:

- Quem é?

- Sou eu!
Logo o umbral se abriu
E a rainha com grande desembaraço, que viu?
Uma rapariga cansada, molhada e sonolenta…
- Quem és tu?

- Estou cansada e perdida nesta tempestade,
sem abrigo e sem comida,
sou uma princesa genuína…

- Entra! Vem comigo.

Ao atravessarem o salão;
uma cabeça virou e um belo mocetão
Logo para a rapariga olhou.

- Quem trazes contigo, minha mãe,
nesta horrível noite de breu?

- Uma princesa verdadeira, meu filho.

- Essa pessoa sou eu!

Olharam-se ambos nos olhos
E o amor nasceu aos molhos…

A rainha não perdeu tempo e foi preparar a cama…
logo lhe veio à memória uma história:
Lembrou-se então de fazer um teste e pôs uma ervilha no colchão.
E mais vinte colchões em cima do primeiro; e a rir, para consigo, disse:
- Sempre quero ver se este grão te vai incomodar, ou não…

Logo que viu a cama, a princesa, muito cansada
deitou-se e adormeceu.
A meio da noite deu tantas voltas e reviravoltas,
sem as ter podido contar, que do sono despertou,
não dormiu, nem sonhou…


Tentou saber o porquê de tanta volta, que deu
desmanchou a cama toda, e uma ervilha encontrou.
Espantada, disse:
- Uma ervilha aqui?

De manhã entrou no salão,
e levava a ervilha na mão.
A rainha ao vê-la chegar, perguntou-lhe: se tinha dormido bem.

Ao que a princesa, bem altiva, respondeu:
- Como poderia ter eu dormido bem, com este grão de ervilha
que encontrei no colchão?
Sou uma princesa genuína, tenho o meu corpo marcado
por este grão malvado…

O príncipe ouviu a conversa, e delicadamente,
juntou-se à que viria a ser a sua amada
que, pelo tal grão de ervilha tinha ficado marcada.

Então, pela primeira vez, sorriu e disse:
- Só uma pele delicada como a tua,
a ervilha poderia ter incomodado.
Agora posso dizer:- Que és tu, a minha princesa de verdade….


Azeitão 25-10-2014


Carmo Bairrada

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