quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

ITINERANDO I (com Sebastião da Gama e Alberto Caeiro), por Carmo Bairrada, António Penedo, Mercedes Ferrari e Elita Guerreiro

Abri a janela do meu olhar.
Sobre o lânguido amanhecer,
Que lindos estavam
Os lírios da minha paixão,
O regato orvalhado,
Os pássaros, as flores, o sol...
Tudo andava à minha volta.
Olhei simplesmente,
Não pensava em nada...
As crianças brincavam....
A Natureza acabava de acordar.
Fechei aquela janela e desci.
Abri a porta do meu interior e
Aí sim!
Senti a manhã, tão manhã!...
Os pássaros rodopiavam num bailado,
As flores sorriam nas suas cores matiz,
O sol envergonhado ia aparecendo,
Através dos seus brilhantes raios.

A paleta das cores escorria em mim...
O regato corria alegre e satisfeito,
Saltava todas as pedras do seu caminho,
parecia mesmo uma criança....
Os pássaros vinham em bando
Num bailado sensual e sublime.
Eram lindas as suas penas!

Então comecei a dançar sem parar
Para as flores que me sorriam
Para a grande árvore que me abrigava
Para o sol que me aquecia,
Para o regato de que eu tanto gostava!

Finalmente...
Corri, à procura de do meu EU
Mas não consegui encontrá-lo.
Não valia a pena correr.
A Primavera já tinha tomado conta de mim...

 Carmo Bairrada




Todo o tempo, mero instante.
  
Às vezes pergunto-me p’ra quê perder tempo
Com muito pensar e escrituras,
Com leituras e mais leituras,
Sobre Deus, o homem e o conhecimento…

O universo é tão vasto e o mundo tão curto.
Tão longo o tempo e veloz cada momento,

Que dou comigo, perdulário,
Mergulhado na mãe natureza,
A beber, a verdade, da fonte,
Pura água, cristalina e edificante,
A jorrar da profundeza,
Tão sábia e saciante
Que, feliz, me faz todo o tempo parecer
Mero instante. 

ACPenedo
(na senda de Sebastião da Gama)


Azeitão, 5-11-2013


Quando me sentei naquela pedra
a olhar para o mar,
Nada pensei, nada vi...


Mas oh, 

quanto senti... 


Não sei bem o que senti...
só sei que senti !

Mercedes Ferrari
12.11.13



“O POETA E O UNIVERSO”
Abro as mãos e nelas tenho
Um mundo que é só meu,
Que só eu posso sentir.
E o adulto que sou eu
Com um pouco de engenho,
Dá lugar à criança
Cheia de sonhos e esperança
Que vê o mundo a sorrir.
  
Sorrio da fantasia
Desse mundo de ilusão,
Tão belo e cheio de alegria
Que cabe na minha mão…
E nem me perco a pensar
Se há mais terra que mar,
Porque todo o Universo
É o lugar onde pertenço.
  
Elita Guerreiro
18-11-2013


Sem comentários: