sábado, 3 de dezembro de 2011

Sobre CAMÕES e a propósito do "Velho do Restelo"

O meu interesse por Os Lusíadas e pelo Poeta Camões vem dos bancos da escola. Achavam as outras crianças que falar de história, em especial de Camões, era um aborrecimento. Eu achava que o que a História dizia era muito pouco, que talvez não correspondesse à verdade, enfim… Começou ali o meu interesse pelas histórias que Os Lusíadas, pela pena de Camões, nos conta. Eu já era um pequeno “ rato de biblioteca”, demasiado curiosa para a minha idade, diziam. Os meus primeiros passos, ao terminar o exame da quarta classe, foram correr para a biblioteca da Cooperativa da Cova da Piedade. Enquanto as outras crianças festejavam com as famílias… eu festejava com os Lusíadas e o meu Poeta favorito. Foi aí que a minha curiosidade tomou forma de paixão pela poesia. A exaltação poética de Luís Vaz de Camões, não passando despercebida, aos meus onze anos, não era por outro lado, muito bem entendida. Eu relia as estrofes, com o dicionário sobre a mesa da biblioteca. Difícil e dura tarefa para os meus poucos anos. Cresci, fazendo perguntas sobre Camões. Para mim, ele não era apenas o romântico estudante, que espalhou poesias e charme, enlouquecendo as Tricanas em Coimbra, ou o charmoso e galante Poeta apaixonado pelas Infantas nas Cortes. Para mim, Camões foi o grande historiador, pois ninguém como ele soube contar, (“cantando”), a  história dos Descobrimentos. Foi o desassombrado crítico, que soube dizer o mal, o bem e o péssimo, contido na desmedida ambição dos governantes da época. Mas foi o soldado que, como castigo desse mesmo desassombro, foi combater em Ceuta, onde perdeu um olho… o que não impediu que o seu talentoso engenho o levasse a ver mais longe e a descrever tudo o que sentia. É importante a maneira como narra a viagem de Vasco da Gama à Índia, a partida das naus, a descrição dos trajes dos marinheiros que nesta aventura o acompanharam. É também notável a descrição poética do Velho do Restelo e, toda a narrativa da História de Portugal (em retrospectiva) feita pelo  Gama ao Rei de Melinde. Para além do romantismo que envolve a figura do Poeta, muito para além das figuras míticas que evoca e que tanto encantaram as minhas primeiras leituras, Camões é para mim: “O Príncipe dos Poetas”

ELITA GUERREIRO                       2 /12 / 2011

Sem comentários: