“ A GRANDE PORCA”
Senhor de grande eloquência,
político audaz e arguto,
promete-nos o paraíso
sem o impecilho do fruto.
Logo a seguir, no entanto,
Como se ninguém o ouvisse,
num discurso moderado ,
corrige o que atrás disse.
Palavras novas , correctas,
De encontro aos nossos anseios
modelam-nos as entranhas
e afastam nossos receios.
Depois, enquanto embalados,
satisfeitos e contentes,
pratica o contraditório,
anestésico das mentes.
Nesta fase do processo,
aproveita a sonolência
e com a mão direita em riste
recomenda: paciência!
Religioso e tão convicto,
recorda-nos o Santo Ofício…
piedoso, lembra ao povo:
só lá vai com sacrifício!...
Quando o despertar vem perto,
com a gente já cansada,
joga a última cartada:
ou o meu partido ou nada.
Consciente do sucesso,
explora uma via mais:
faz apelo ao voto útil,
no dele e noutros que tais.
O povo, enfim, bem desperto
sem esquecer a sugestão,
pega o carro e a toalha,
esquece o voto... e ruma ao verão!
Zé Bairrada
Junho/2011
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